O Ébola denuncia fragilidades e mostra
solidariedades
O continente africano tem
sido com o decorrer dos tempos o alvo predileto para a escravatura e o saque
dos seus recursos naturais que o colonialismo outrora e o imperialismo nos dias
de hoje sempre utilizaram em benefício próprio e sem cuidarem do
desenvolvimento estruturado dos povos africanos.
E é exatamente nas horas
difíceis e nos momentos em que seria natural ou necessário fazer frente às
calamidades, que ressaltam a precariedade das medidas e dos meios humanos e
materiais disponíveis para solução dos problemas a enfrentar adequadamente.
O surto de Ébola, como um dos maiores no seu género que nos é
dado conhecer, constitui apenas um reflexo da exígua prestação da saúde pública
em África que poderia proteger eficazmente as populações, especialmente as mais
pobres ou desfavorecidas, onde as desigualdades sociais e injustiças são
flagrantes e continuam em proporções incompatíveis com o século XXI.
Por
outro lado, sendo do conhecimento das entidades europeias e norte americanas
ligadas ao acompanhamento da problemática da saúde que as doenças infeciosas
devem merecer uma especial atenção na pesquisa e na produção atempada dos
antídotos adequados para as debelar, não tem sido essa a atitude na medida em
que os recursos económicos à disposição têm sido utilizados para outros fins e
os cortes orçamentais seletivos não o permitem, levando a que as multinacionais
dos medicamentos atuem à pressa para obterem vacinas em cima dos acontecimentos
com o objetivo primordial de alcançarem lucros imediatos, base da sua
sustentação e razão de ser.
No
entanto e se pensarmos bem, parece existir à volta do vírus Ébola também um
certo exagero desenvolvido por todo o lado, pois, embora a imprensa internacional
nos indique já a existência de 4.000 mortos na Libéria, Serra Leoa e Guiné
Conacry, a OMS (Organização Mundial de Saúde) apresenta na sua página sobre
este assunto valores na ordem dos 788 casos de morte, formalmente identificados
como causados por este vírus, números bem inferiores aos causados, por exemplo,
pela malária ou paludismo.
A
situação, não devendo ser de forma alguma minimizada, carece de informação
quanto à forma como se transmite o vírus, igual ao que acontece com o VIH-Sida,
através de contacto direto com líquido biológico do doente, sangue, suor,
esperma, vómito ou fezes, mas torna-se potencialmente perigoso quando mal
acompanhado, dado que os infetados morrem de desidratação e hemorragias pelo
que o tratamento deverá consistir na hidratação e transfusão de sangue e não na
administração de vacina ou outro qualquer medicamento, a dar crédito à opinião
de técnicos abalizados nesta área.
Por
outro lado e ainda na opinião desses técnicos, deve usar-se o bom senso
respeitando medidas simples, tais como, higiene, boa nutrição, vitaminas C e D
em doses adequadas, ou seja, existirem as infraestruturas médicas, sistemas de
saúde e qualidade de vida adequados e de forma a proporcionarem aos infetados
cuidados médicos de base e não contribuir para mais um negócio à custa dos
doentes.
Por
último, uma palavra de relevo pela atitude dos países membros da ALBA,
nomeadamente Cuba e Venezuela, pela forma pronta com que disponibilizaram os
seus meios humanos e materiais para travar o desenvolvimento do surto do Ébola,
atitude louvada pelas Nações Unidas cujo secretário-geral Ban Ki-moon
qualificou de extraordinária esta resposta e exortou todos os países do mundo a
seguir a liderança da ALBA. Só Cuba disponibilizou de imediato 165 médicos e
enfermeiros e seguir-se-ão mais 91 para a primeira linha de combate ao vírus.
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