quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A Saúde não é um negócio

                       O Ébola denuncia fragilidades e mostra solidariedades
O continente africano tem sido com o decorrer dos tempos o alvo predileto para a escravatura e o saque dos seus recursos naturais que o colonialismo outrora e o imperialismo nos dias de hoje sempre utilizaram em benefício próprio e sem cuidarem do desenvolvimento estruturado dos povos africanos.
E é exatamente nas horas difíceis e nos momentos em que seria natural ou necessário fazer frente às calamidades, que ressaltam a precariedade das medidas e dos meios humanos e materiais disponíveis para solução dos problemas a enfrentar adequadamente.
O surto de Ébola, como um dos maiores no seu género que nos é dado conhecer, constitui apenas um reflexo da exígua prestação da saúde pública em África que poderia proteger eficazmente as populações, especialmente as mais pobres ou desfavorecidas, onde as desigualdades sociais e injustiças são flagrantes e continuam em proporções incompatíveis com o século XXI.
Por outro lado, sendo do conhecimento das entidades europeias e norte americanas ligadas ao acompanhamento da problemática da saúde que as doenças infeciosas devem merecer uma especial atenção na pesquisa e na produção atempada dos antídotos adequados para as debelar, não tem sido essa a atitude na medida em que os recursos económicos à disposição têm sido utilizados para outros fins e os cortes orçamentais seletivos não o permitem, levando a que as multinacionais dos medicamentos atuem à pressa para obterem vacinas em cima dos acontecimentos com o objetivo primordial de alcançarem lucros imediatos, base da sua sustentação e razão de ser.
No entanto e se pensarmos bem, parece existir à volta do vírus Ébola também um certo exagero desenvolvido por todo o lado, pois, embora a imprensa internacional nos indique já a existência de 4.000 mortos na Libéria, Serra Leoa e Guiné Conacry, a OMS (Organização Mundial de Saúde) apresenta na sua página sobre este assunto valores na ordem dos 788 casos de morte, formalmente identificados como causados por este vírus, números bem inferiores aos causados, por exemplo, pela malária ou paludismo.
A situação, não devendo ser de forma alguma minimizada, carece de informação quanto à forma como se transmite o vírus, igual ao que acontece com o VIH-Sida, através de contacto direto com líquido biológico do doente, sangue, suor, esperma, vómito ou fezes, mas torna-se potencialmente perigoso quando mal acompanhado, dado que os infetados morrem de desidratação e hemorragias pelo que o tratamento deverá consistir na hidratação e transfusão de sangue e não na administração de vacina ou outro qualquer medicamento, a dar crédito à opinião de técnicos abalizados nesta área.
Por outro lado e ainda na opinião desses técnicos, deve usar-se o bom senso respeitando medidas simples, tais como, higiene, boa nutrição, vitaminas C e D em doses adequadas, ou seja, existirem as infraestruturas médicas, sistemas de saúde e qualidade de vida adequados e de forma a proporcionarem aos infetados cuidados médicos de base e não contribuir para mais um negócio à custa dos doentes.

Por último, uma palavra de relevo pela atitude dos países membros da ALBA, nomeadamente Cuba e Venezuela, pela forma pronta com que disponibilizaram os seus meios humanos e materiais para travar o desenvolvimento do surto do Ébola, atitude louvada pelas Nações Unidas cujo secretário-geral Ban Ki-moon qualificou de extraordinária esta resposta e exortou todos os países do mundo a seguir a liderança da ALBA. Só Cuba disponibilizou de imediato 165 médicos e enfermeiros e seguir-se-ão mais 91 para a primeira linha de combate ao vírus.  

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