quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Insensibilidade social e moral

Em 2011, Vítor Gaspar carregou a fundo na austeridade para baixar défice e taxas de juro. Passos e Portas querem repetir o feito

Governo faz a vontade ao FMI e corta quase tudo em 2014

Paulo Portas e Passos Coelho
Paulo Portas e Passos Coelho
D.R.
08/10/2013 | 00:00 | Dinheiro Vivo
O pacote de novos cortes parcialmente escondido por Paulo Portas e Maria Luís Albuquerque na passada quinta-feira aumentou a carga de austeridade inicialmente prevista em maio de 4788 milhões de euros para 5652 milhões agora (incluindo medidas de receita), depois de terminadas as 8ª e 9ª avaliações da troika. O esforço orçamental médio anual passou de 1600 milhões de euros/ano para 1900 milhões com o exame da troika finalizado na semana passado.Este aumento de sacrifícios tem ainda um objetivo muito concreto: mostrar aos “mercados” que o Governo quer mesmo cortar na despesa mais de 4000 milhões de euros no próximo ano e arranjar margem caso alguma medida falhe. O FMI recomendou desde início cortes de 4700 milhões em apenas dois anos, o Governo diz querer dilui-los em três (2013 incluído).
Na prática, sabe o Dinheiro Vivo, o Governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas está a fazer um novo frontloading – antecipação da maior parte da austeridade para reduzir o défice e puxar para baixo as taxas de juro da República, tática usada, com relativo sucesso, por Vítor Gaspar em 2011, mal chegou às Finanças. Relativo sucesso pois a economia mergulhou em recessão e o desemprego explodiu para níveis históricos.
De acordo com informação avançada pela TSF anteontem e ontem, a reforma do Estado (4788 milhões em três anos) prometida pelo primeiro-ministro à troika em maio levou um agravamento de 864 milhões de euros - passou a 5652 milhões de euros.
Os credores oficiais e muitos agentes do sector financeiro querem ver cortes de pelo menos 4000 milhões no próximo ano. O Executivo acena agora com poupanças de 4451 milhões só em 2014. Dos 1300 milhões em nova austeridade, cerca de 900 são cortes na despesa e 400 aumentos de receita.

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