Nem outra coisa se podia esperar do antigo Director-Geral
das Finanças, que chega à Saúde e faz contas de merceeiro.
Corta onde acha que é desperdício e que se lixem os
doentes.
O problema, Sr. Ministro, não é a «má interpretação»
nem os casos «infelizes», o problema é que há circulares e orientações para que
essas taxas sejam cobradas.
Aquilo que se chama, atirar o
barro à parede, na maior parte dos casos, cola. A alteração da lei das taxas moderadoras criou muita confusão nos utentes e
também nos serviços. Mas o que gerou mais foi indignação.
Porque não é engano dos serviços quando enviam uma
conta a um doente crónico (com, por exemplo, doença de Crohn, colite ulcerosa,
diabetes) é a lei.
Não é engano dos serviços quando os exames ultrapassam
os três por ano ou as consultas na especialidade para a dita doença crónica, é
a lei.
Não é engano quando um agregado familiar vive com 612
euros por mês e paga taxas moderadoras de 7,75 euros se um deles for ao
hospital a uma consulta pela qual esperou seis meses, é a lei.
E quando alguém, que tem cancro e está sozinho ou
mesmo com a família, certamente procurar na lei o que está certo ou errado não
será a maior preocupação. Essa será a de sobreviver, a de conseguir os
tratamentos e pagar os medicamentos.
E infelizmente é um carniceiro que está à frente do
Ministério da Saúde que, sabendo demasiado bem as consequências da sua lei,
afirma que são «casos infelizes».
Quando eu recebi uma carta do hospital com os
tratamentos do meu pai para pagar, fui informada de que eram ordens da ACSS –
não era uma infelicidade. Por acaso, sei de leis e não paguei. Mas não por
causa da doença crónica – do cancro. Mas porque se provou a insuficiência
económica. Sabe porquê? Porque nem com cancro no estágio IV a Segurança Social
atribuiu a pensão de invalidez por considerar que não haveria incapacidade
atribuível.
Não é por uma infelicidade, por uma má interpretação,
por um acaso.
É porque o senhor Ministro da Saúde e os restantes
companheiros do Governo fazem leis e políticas que, objectiva e concretamente –
MATAM.
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