segunda-feira, 11 de abril de 2011

Homenagem a Soeiro Pereira Gomes em 29/03/2009







Saudação a Soeiro Pereira Gomes

Caros camaradas e amigos,
Em nome da Comissão Concelhia de Baião apresento-vos as nossas melhores saudações e votos de que levem do nosso concelho uma boa recordação que vos faça regressar um dia para usufruírem de novo desta bela paisagem, gastronomia local que espero tenham apreciado e fraternal convívio.

No centésimo aniversário do nascimento de Soeiro Pereira Gomes, quero ainda louvar esta iniciativa da Comissão Concelhia de Vila Franca de Xira, em que a presença do nosso Camarada Domingos Abrantes lhe confere um significado muito especial pelo seu passado de resistência e luta anti-fascista que aqui queremos também salientar.

A vossa visita representa para nós o natural elo de ligação entre a terra natal de Soeiro Pereira Gomes e a terra onde mais tempo se dedicou à actividade política.

E foi nessa mesma actividade que teve ocasião de tocar bem perto na realidade sócio económica precária da região de Tejos em particular e do nosso País em geral, hoje infelizmente de novo na ordem do dia, inspirando-o para a sua obra literária, nunca separada da sua militância e ideais comunistas, obra que constitui um dos mais coerentes e claros exemplos da ficção neo-realista em Portugal.

Joaquim Soeiro Pereira Gomes nasceu aqui em Gestaçô e era filho de pequenos agricultores, cuja árdua vida de trabalho na terra, de sol a sol, deve ter contribuído para marcar muito cedo a sua visão do mundo rural do nosso concelho naquele tempo, mas que nos nossos dias infelizmente apresenta já claros e preocupantes sinais de recessão e abandono, mercê de políticas internas e externas lesivas, contrastando com o salto qualitativo vivido no pós 25 de Abril.

Foi no final dos anos 30 que Soeiro Pereira Gomes aderiu ao PCP e a partir daí a sua actividade política desenvolve-se na célula da fábrica Cimento Tejo onde trabalhava e no Comité Local participando na vasta acção cultural levada a cabo pelo Partido em todo o Baixo Ribatejo, colaborando nos jornais «Sol Nascente» e «O Diabo», organizando cursos de ginástica para os operários da fábrica, ajudando a criar bibliotecas populares nas sociedades recreativas e a projectar a construção duma piscina para a população de Alhandra donde surgiria o inesquecível nadador Batista Pereira que também aderiu ao Partido.
Com Alves Redol e Dias Lourenço promoveu e animou muitas excursões de fragata no Tejo que serviram de apoio ao duro trabalho político nas difíceis condições a que o regime fascista obrigava, mas que não impediram as greves de 8 e 9 de Maio de 1944 nas quais tomou parte activa.

Sendo-lhe confiada a Direcção Regional do Alto Ribatejo, ainda hoje é lembrada a sua influência no alargamento da presença e organização do Partido nessa região.

As duras circunstâncias em que se realizava a actividade do Partido e a feroz
perseguição de que era alvo pela Pide, obrigaram Soeiro Pereira Gomes a passar à clandestinidade, não só para evitar a repressão, mas essencialmente para melhor prosseguir a luta que nunca abandonou até ao fim da sua vida.

Sendo a sua maior obra literária «Esteiros», com ilustração do camarada Álvaro Cunhal e dedicada aos «filhos dos homens que nunca foram meninos», merecem também distinção os livros «Engrenagem», «Contos Vermelhos», «Última Carta» e «Refúgio Perdido», escritos na clandestinidade e postumamente publicados, todos eles retratos fieis da violência social então dominante, mas também de exaltação do ideal comunista e dos seus militantes.

Soeiro Pereira Gomes é eleito para o Comité Central do Partido no IV Congresso realizado na Lousã em Julho de 1946 e em Agosto colabora num notável documento «sobre a maneira como utilizar as praças de jornas ou praças de trabalho no Movimento de Unidade Camponesa para o derrubamento do fascismo». Pouco tempo depois é destacado para o sector de Lisboa onde integra a Comissão Executiva do Movimento de Unidade Nacional Antifascista (MUNAF) e acompanha a actividade dos nossos camaradas actuantes no Movimento de Unidade Democrática (MUD).

Ainda participa no início da campanha presidencial de Norton de Matos, mas a prolongada doença de que era vítima e o impedimento de receber tratamento adequado, dada a violenta perseguição de que era alvo, cortam-lhe a resistência, vindo a falecer em Dezembro de 1949.

Soeiro Pereira Gomes, camarada, político íntegro e honesto, autor, mas também uma personalidade humana e alegre, deixa-nos um legado e um exemplo que não podemos ignorar mas devemos prosseguir e dar a conhecer às novas gerações nos tempos conturbados de hoje, mas que são também tempos de grande confiança no dia de amanhã, pois sabemos que sim é possível uma vida melhor para os trabalhadores e o nosso povo e para a qual seguramente contribuiremos com a nossa luta, a nossa determinação e a nossa força de partido político essencial à democracia portuguesa, de partido de resistência à ofensiva contra revolucionária que nos persegue há 33 anos, de partido com 88 anos de luta e provas dadas com o objectivo supremo da construção duma sociedade liberta de todas as formas de opressão e de exploração.
Por isso, seguiremos em frente, pois a luta continua e a vitória é certa.

PCP/Baião, 29/03/2009

1 comentário:

  1. Muitos parabéns por este belíssimo Blog.
    Começam muito bem, com o precursor do neo-realismo o nosso camarada Soeiro, exemplo de coerência, integridade e resistência.
    Parabéns!

    GR

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